Os homens portugueses vivem em média menos tempo do que as mulheres, mas, ao contrário do resto da Europa, têm mais qualidade de vida, com menos situações de incapacidade, disse uma especialista em Demografia, citada pela agência Lusa.
Em Portugal, nos últimos 50 anos, a esperança de vida à nascença aumentou, quer para os homens, quer para as mulheres, em cerca de 15 anos. As pessoas nascidas em 1960 podiam esperar viver menos 15 anos em média face aos números actuais, quer fossem homens ou mulheres.
“Houve um aumento de quantidade de anos [de vida], mas nem sempre a quantidade de anos se faz acompanhar por qualidade. Viver mais tempo não significa que se viva mais tempo bem”, disse à agência Lusa a directora da Pordata, Maria João Valente Rosa.
“Quando olhamos para o número de anos de vida saudável, ou seja, sem incapacidade física” os homens portugueses, o que não se passa em todos os países da Europa, vivem melhor do que as mulheres, explicou a demógrafa.
Maria João Valente Rosa resumiu a situação em Portugal dizendo que “os homens vivem menos tempo em média, mas vivem com mais qualidade, enquanto vivem”.
Perto do Dia Nacional dos Avós, que se assinala na terça-feira, estes dados chamam a atenção para a predominância da presença das avós, mas realçam que a “boa forma” parece ser mais comum entre os avôs, nomeadamente para as brincadeiras com os netos.
Ainda “não há argumentos” para explicar esta diferença face a muitos outros países da União Europeia e a especialista questiona porque é que na média da UE não é assim, já que “os homens vivem menos e também vivem menos tempo em qualidade”.
Trata-se de uma “especificidade nacional que era importante estudar”, salientou.
Nascem mais rapazes do que raparigas, mas, ao longo da vida, em regra, “a intensidade da mortalidade é superior nos homens, ou seja, as mulheres têm uma esperança de vida por regra superior à dos homens, qualquer que seja a idade”.
Actualmente, em Portugal, a esperança média de vida dos homens é de 76 anos e das mulheres é de 82 anos, um diferencial que se tem vindo a manter com o tempo e não é exclusivo da população portuguesa.
“Há um ajuste quase natural. Nas idades mais avançadas encontramos mais mulheres. Temos porventura muito mais avós do que avôs. Globalmente, a população portuguesa tem quase tantos homens como mulheres, mas quando avançamos na idade esta relação de força estatística vai-se fazendo a favor das mulheres”, referiu ainda a directora da Pordata.