A Ordem dos Enfermeiros (OE) expressou recentemente sua crescente preocupação com o cansaço e a saturação dos enfermeiros que trabalham no Centro Hospitalar, uma situação que tem vindo a piorar nos últimos meses. Este problema não só afeta a saúde e o bem-estar dos profissionais de saúde, mas também a qualidade do atendimento prestado aos pacientes.
Causas do Cansaço e Saturação
Os enfermeiros têm enfrentado uma carga de trabalho cada vez maior, exacerbada pela pandemia de COVID-19. As longas horas de trabalho, a escassez de pessoal e a pressão constante para atender a um grande número de pacientes têm levado muitos profissionais ao limite. As condições de trabalho desgastantes resultam em exaustão física e emocional, aumentando o risco de erros médicos e reduzindo a eficiência no atendimento.
Marta Ferreira, uma enfermeira do Centro Hospitalar, descreve a situação: “Estamos a trabalhar até ao ponto de exaustão. Muitos de nós não têm tempo suficiente para descansar ou recuperar entre os turnos, e isso está a afetar a nossa capacidade de cuidar dos pacientes da melhor maneira possível.”
Impacto na Saúde dos Enfermeiros
O cansaço crônico e a saturação entre os enfermeiros têm sérias implicações para a sua saúde física e mental. Estudos demonstram que os profissionais de saúde que trabalham em condições de extrema pressão são mais propensos a desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Além disso, o cansaço físico prolongado pode levar a problemas musculoesqueléticos e outras condições de saúde.
A OE tem destacado a necessidade urgente de medidas para aliviar a carga sobre os enfermeiros. “Não podemos continuar a ignorar os sinais de exaustão entre os nossos profissionais de saúde. É fundamental que sejam implementadas políticas que garantam horários de trabalho razoáveis e proporcionem suporte psicológico adequado”, afirmou Ana Rita Cavaco, Bastonária da OE.
Consequências para o Atendimento ao Paciente
A sobrecarga dos enfermeiros não afeta apenas os profissionais, mas também tem um impacto direto na qualidade do atendimento ao paciente. O cansaço e a saturação podem levar a uma menor capacidade de resposta, aumento do risco de erros e uma diminuição na capacidade de oferecer cuidados empáticos e eficazes. Isso pode resultar em atrasos no tratamento, menores taxas de recuperação e uma experiência negativa para os pacientes.
Paulo Santos, um paciente recente do Centro Hospitalar, compartilhou sua experiência: “Percebi que os enfermeiros estavam sobrecarregados. Eles eram muito profissionais e dedicados, mas claramente estavam a trabalhar sob muita pressão. Isso afetou a rapidez e a qualidade do atendimento que recebi.”
Medidas Necessárias
Para combater o cansaço e a saturação dos enfermeiros, a OE tem defendido várias medidas. Entre as recomendações estão a contratação de mais enfermeiros para reduzir a carga de trabalho individual, a implementação de turnos de trabalho mais curtos e a garantia de que os enfermeiros tenham acesso a períodos de descanso suficientes. Além disso, é crucial fornecer suporte psicológico e emocional aos profissionais de saúde para ajudá-los a lidar com o stress e a pressão do trabalho diário.
A OE também apela ao governo e às autoridades de saúde para que reconheçam a gravidade da situação e tomem medidas imediatas. Investir na saúde e bem-estar dos enfermeiros é investir na qualidade do sistema de saúde como um todo.