Um aparelho móvel com nanotecnologia de ponta poderá fazer o diagnóstico da malária numa gota de sangue e em 15 minutos, revelando ainda as resistências do parasita aos medicamentos, anunciou a Comissão Europeia (CE), avança a agência Lusa.
O novo meio de diagnóstico, do tamanho de um telemóvel, vai ser testado no fim do ano e, caso os resultados sejam positivos, poderá começar a ser utilizado no terreno, em países em desenvolvimento, a partir de 2015, acrescenta a CE, num comunicado divulgado na véspera do Dia Mundial da Malária.
O aparelho resulta de um projecto de investigação financiado em 5,2 milhões de euros pela União Europeia, intitulado Nanomal e que é liderado pela universidade de St George, em Londres, reunindo ainda o Grupo QuantuMDx – especialista em meios de diagnóstico portáteis e de sequenciação do ADN –, e equipas da Universidade de Tübingen na Alemanha e do Karolinska Institute na Suécia.
“O protótipo visa proporcionar uma qualidade de resultados idêntica à de um laboratório, a uma fracção do tempo e dos custos, tornando-o ideal para utilização no terreno”, escreve a CE no comunicado.
No site do projecto pode ler-se que o dispositivo poderá revolucionar a forma como é diagnosticada e tratada uma doença que mata mais de 600 mil pessoas por ano.
Tendo em conta que o parasita que provoca a malária – transmitido pela picada de mosquitos – tem vindo a revelar cada vez mais resistências aos medicamentos, os investigadores procuram formas de evitar que os fármacos se tornem ineficientes.
Com o aparelho do projecto Nanomal, que permite detectar as resistências do parasita aos medicamentos, os profissionais de saúde a trabalhar em zonas remotas de países em desenvolvimento podem mais rapidamente fornecer tratamentos eficazes para contrariar essas resistências, o que tem o potencial de salvar vidas, dizem as instituições responsáveis.
Actualmente, as amostras de sangue para diagnóstico da malária são enviadas para laboratórios centrais de referência para análise, o que requer tempo, bem como testes caros e pessoal especializado.
Muitas vezes, lê-se no site do projecto, os medicamentos são prescritos antes do diagnóstico e podem não ser eficazes.
“Tratar eficazmente e imediatamente permitirá prevenir o agravamento da doença e salvar vidas”, acrescentam as instituições.
A Organização Mundial de Saúde estima que em 2010 tenha havido a nível mundial 219 milhões de casos de malária, tendo a doença causado cerca de 660.000 mortes, sobretudo de crianças com menos de cinco anos de idade.
Desde 2002, a UE investiu mais de 209 milhões de euros em 87 projectos de investigação sobre a doença e, no âmbito da sua parceria com os países da África subsariana (iniciativa EDCTP), está a apoiar, com cerca de 50 milhões de euros, 32 ensaios clínicos sobre novos tratamentos.
Citada no comunicado da CE, a comissária europeia responsável pela Investigação, Inovação e Ciência, Máire Geoghegan-Quinn, declarou: “Metade da população mundial está em risco de contrair a malária. É essencial um diagnóstico rápido e preciso para combater a doença, tal como novas vacinas, medicamentos e métodos de controlo da sua propagação. Foi por essa razão que, desde 2002, a UE investiu mais de 209 milhões de euros na investigação sobre a malária”.