O tabagismo continua a ser uma das principais causas de morte evitável em Portugal, levando a inúmeras doenças crónicas e mortes prematuras. Diante deste cenário alarmante, especialistas em saúde pública estão a pedir ao Estado que assuma a comparticipação dos medicamentos para a cessação tabágica. A medida, defendem, seria um passo crucial para ajudar os fumadores a abandonar o vício e melhorar a saúde pública no país.
O Custo do Tabagismo
O tabagismo está associado a uma série de problemas de saúde graves, incluindo câncer de pulmão, doenças cardíacas, derrames e doenças respiratórias. Além do sofrimento humano, o impacto económico é significativo, com custos elevados para o sistema de saúde devido ao tratamento de doenças relacionadas ao tabaco.
Dr. João Silva, pneumologista, explica: “Os custos diretos e indiretos do tabagismo são enormes. Se pudermos ajudar mais pessoas a parar de fumar através da comparticipação dos medicamentos de cessação tabágica, estaremos a economizar a longo prazo e a salvar vidas.”
Medicamentos para Cessação Tabágica
Existem vários medicamentos eficazes disponíveis para ajudar os fumadores a deixar o tabaco, incluindo a vareniclina, o bupropiom e a terapia de reposição de nicotina (TRN). Estes tratamentos têm mostrado aumentar significativamente as taxas de sucesso na cessação do tabagismo, reduzindo os sintomas de abstinência e os desejos de fumar.
Maria Santos, que conseguiu parar de fumar após usar vareniclina, partilhou: “Sempre quis deixar de fumar, mas nunca consegui sozinha. Com o medicamento, foi muito mais fácil controlar os desejos e finalmente consegui.”
A Necessidade de Comparticipação
Atualmente, os medicamentos para cessação tabágica não são amplamente comparticipados pelo Estado, o que pode tornar o seu custo proibitivo para muitos fumadores. Especialistas defendem que a comparticipação destes medicamentos seria um investimento inteligente na saúde pública.
Os benefícios potenciais da comparticipação incluem:
- Aumento das Taxas de Cessação: Facilitar o acesso aos medicamentos pode aumentar significativamente as taxas de cessação do tabagismo.
- Redução dos Custos de Saúde: Menos fumadores significa menos doenças relacionadas ao tabaco e, portanto, menores custos para o sistema de saúde a longo prazo.
- Melhoria da Qualidade de Vida: A cessação do tabagismo melhora a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos, reduzindo a morbilidade e mortalidade.
Exemplo de Outras Nações
Vários países já implementaram políticas de comparticipação para medicamentos de cessação tabágica com sucesso. No Reino Unido, por exemplo, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) oferece apoio abrangente, incluindo medicamentos gratuitos ou a preços reduzidos, o que resultou em taxas de cessação mais altas e uma redução significativa nos custos relacionados ao tabagismo.
Dr. Ana Moreira, especialista em saúde pública, afirmou: “Os exemplos internacionais mostram que a comparticipação dos medicamentos é eficaz. Portugal pode seguir esses exemplos para enfrentar de forma mais eficaz a epidemia de tabagismo.”
Apelo às Autoridades
Os especialistas em saúde pública e as organizações de combate ao tabagismo estão a intensificar os seus apelos ao governo português para que tome medidas urgentes. Argumentam que a comparticipação dos medicamentos para cessação tabágica deve ser uma prioridade na agenda de saúde pública do país.
João Pereira, representante de uma ONG de saúde, disse: “É crucial que o Estado veja a comparticipação como um investimento em saúde pública. Os benefícios a longo prazo superam em muito os custos iniciais.”