O Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, alertou recentemente para o crescente uso de tranquilizantes em Portugal, classificando a situação como um problema de saúde pública. O uso excessivo e muitas vezes inadequado desses medicamentos levanta preocupações significativas sobre a saúde mental e física dos cidadãos, bem como sobre as práticas de prescrição médica.
Aumento no Consumo de Tranquilizantes
Os dados mais recentes revelam um aumento preocupante no consumo de tranquilizantes, especialmente benzodiazepinas, que são frequentemente prescritos para tratar ansiedade, insônia e outros distúrbios. Embora esses medicamentos possam ser eficazes quando utilizados corretamente e por curtos períodos, o seu uso prolongado está associado a vários riscos, incluindo dependência, problemas cognitivos e outros efeitos adversos.
O Dr. João Silva, psiquiatra, comenta: “O aumento no uso de tranquilizantes é alarmante. Muitos pacientes acabam por depender destes medicamentos a longo prazo, o que pode levar a problemas de saúde graves. É essencial que os médicos sigam diretrizes rigorosas ao prescrever estes medicamentos e que sejam consideradas alternativas terapêuticas.”
Fatores Contribuintes
Vários fatores contribuem para o uso elevado de tranquilizantes em Portugal. Entre eles estão a crescente prevalência de distúrbios de saúde mental, o fácil acesso a esses medicamentos e a pressão sobre os médicos para fornecer soluções rápidas para sintomas de ansiedade e insônia. A falta de acesso a tratamentos alternativos, como terapia cognitivo-comportamental, também pode levar a uma maior dependência de medicamentos.
A pandemia de COVID-19 exacerbou a situação, com muitas pessoas a experimentar níveis aumentados de stress, ansiedade e insônia. Durante este período, houve um aumento significativo nas prescrições de tranquilizantes, uma tendência que continua a preocupar os especialistas em saúde pública.
Riscos Associados ao Uso Prolongado
O uso prolongado de tranquilizantes está associado a uma série de riscos à saúde. A dependência é um dos principais problemas, com muitos pacientes a encontrarem dificuldades significativas para cessar o uso sem enfrentar sintomas de abstinência. Outros efeitos adversos incluem problemas de memória, coordenação motora prejudicada, e um risco aumentado de acidentes e quedas, especialmente entre os idosos.
Além disso, o uso a longo prazo pode levar a uma diminuição da eficácia dos medicamentos, exigindo doses maiores para alcançar o mesmo efeito, o que aumenta ainda mais o risco de dependência e efeitos adversos.
Medidas de Intervenção
Para enfrentar este problema, o Infarmed está a promover várias medidas de intervenção. Estas incluem campanhas de conscientização para médicos e pacientes sobre os riscos do uso prolongado de tranquilizantes e a promoção de diretrizes de prescrição mais rigorosas. Também estão a ser incentivadas alternativas terapêuticas, como a terapia psicológica e a utilização de tratamentos não farmacológicos para a ansiedade e insônia.
A Dra. Ana Ribeiro, especialista em saúde pública, afirma: “Precisamos de uma abordagem multifacetada para resolver este problema. Além de educar os médicos e pacientes, é crucial aumentar o acesso a tratamentos alternativos e fornecer suporte adequado para aqueles que estão a tentar reduzir o uso de tranquilizantes.”
Reação da Comunidade Médica
A comunidade médica tem reagido de forma mista às novas diretrizes e recomendações do Infarmed. Enquanto muitos médicos reconhecem a necessidade de práticas de prescrição mais seguras, há preocupações sobre a disponibilidade e o custo de tratamentos alternativos. A integração de serviços de saúde mental acessíveis e eficazes no sistema de saúde é vista como uma necessidade urgente para apoiar esta transição.